InfoMoney: "Para Schneider Electric, sustentabilidade dá dinheiro e não é ‘abraçar árvore’"
Matéria publicada pelo InfoMoney Business em 19/01/2024
Principal mercado no Brasil está em grandes empresas e em prédios corporativos, mas gigante de energia vê potencial de crescimento em data centers
Por Lucas Sampaio - InfoMoney Business
Gigante mundial de energia, a Schneider Electric tem crescido com uma maior conscientização das empresas – e dos empresários – em relação à sustentabilidade e à economia de recursos. Para o CEO da empresa na América do Sul, Rafael Segrera, investir em gestão e automação de energia é um imperativo e vai muito além da "turma que abraça árvore" e do greenwashing.
"Tem um impacto de curto prazo e é sustentável também no preço, pois o investimento tem um retorno comprovado em no máximo três anos", afirma o venezuelano ao IM Business. "Uma empresa de 34 bilhões como nós, global, você acha que faz sustentabilidade porque gosta de 'abraçar árvore'?", questiona o executivo. "Tudo bem, eu pessoalmente gosto de abraçar. Mas, se alguém não quiser fazer pelo planeta, faz pelo bolso".
A Schneider Electric é uma gigante francesa de energia com mais de 135 mil funcionários em todo o mundo, que em 2022 teve uma receita de 34,2 bilhões de euros (mais de R$ 180 bilhões na cotação atual) e 3,5 bilhões de euros de lucro líquido (quase R$ 19 bilhões). Fundada em 1836 por Eugène Schneider, a empresa é listada na bolsa de Paris e atua no gerenciamento e na automação da energia, produzindo tanto equipamentos quanto softwares de gestão, para diminuir custos e gerar eficiência para os clientes.
A operação brasileira é grande na região, mas pequena em relação ao todo. São cerca de 1,8 mil empregados no país, que representa mais de 50% das receitas na América do Sul, mas a grande maioria da receita da Schneider vem da América do Norte (32%), da Ásia e do Pacífico (30%) e da Europa (25%). A América do Sul aparece dentro da categoria "resto do mundo" (13%), que inclui África, Oriente Médio e Europa central e oriental, e há poucas menções à região e ao Brasil no balanço do terceiro trimestre da empresa.
O "resto do mundo" teve um forte crescimento orgânico de 27% na receita entre julho e setembro, e sobre o Brasil a empresa destacou um "forte crescimento" em automação industrial, mas uma "contínua fraqueza" no segmento de gestão de energia (a empresa também atua em outros 9 países da região e tem escritório em 6 deles).
Da Vale à EZ Towers
Dos quatro mercados nos quais a Schneider atua (predial, data centers, infraestrutura e indústria), Segrera diz que os dois últimos são os mais importantes no Brasil. Entre os clientes estão gigantes como Vale e Petrobras e grandes players de energia, como Cemig, CPFL, EDP e Energisa. Já em predial estão desde empresas de saúde, como Rede D'Or, Albert Einstein e Sírio Libanês, a até prédios corporativos, como o EZ Towers, um triplo A na zona sul de São Paulo onde fica a sede da Schneider na América do Sul.
O prédio construído pela EzTec tem a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), e Segrera faz questão de destacar que "toda a sua automação aqui é nossa". O CEO inclusive vê o setor predial como uma das principais frentes de crescimento da empresa nos próximos anos no país.
"A indústria é o nosso principal negócio [no Brasil], enquanto o de data centers é o que tem o maior crescimento – mas ele ainda é pouco representativo", afirma Segrera. "No predial já somos fortes e há duas avenidas de crescimento: os prédios novos têm maiores exigências, e os mais antigos precisam de investimento para serem mais eficientes".
Além do escritório na Chucri Zaidan, a Schneider Electric tem um centro de distribuição de 21 mil m² em Cajamar, na Grande SP, e duas fábricas: uma em Guararema (SP) e outra em Blumenau (SC). A empresa faz desde produtos simples, como tomadas e interruptores para residências, a até inversores de frequência e painéis de média tensão para indústrias, além de seus softwares de gestão e automação.
As soluções controlam e gerenciam não só os seus produtos, mas também o de concorrentes como Siemens e WEG. "Atuamos não só em produtos de energia, mas na gestão do consumo também", afirma Segrera. Na Rede D'Or, por exemplo, o foco da empresa é sustentabilidade, então um software da Schneider faz a gestão do gasto de energia nos hospitais. "Para reduzir, precisa medir. E conhecendo o consumo é possível criar um plano de ação".
Importância do Brasil
Venezuelano radicado no Brasil desde 2018, o executivo está há mais de 20 anos na Schneider Electric e já trabalhou na China, na França e no Canadá. Ele comanda a operação de toda a América do Sul e defende a importância da região – e do Brasil –, apesar da baixa participação sulamericana nos ganhos da empresa.
"Não é só o tamanho da receita, é o impacto que podemos ter. A região tem 40% da biodiversidade do mundo, e é no hemisfério Sul onde está o potencial de crescimento", afirma Segrera, que em novembro foi conhecer a segunda maior produção de camarões do mundo, no Equador, pois a Schneider Electric atua no projeto de descarbonização do setor. "Na luta contra as mudanças climáticas, temos de ser os guardiões".
No Brasil, a empresa está há 76 anos. O executivo diz que "o país está em uma boa direção, mas precisa acelerar as transformações que geram impacto no planeta". Afirma ainda que o Brasil "tem a vantagem da matriz energética, mas não está aproveitando todo o potencial que tem", e ressalta que a missão da Schneider Electric é ser "a ponte entre o progresso e a sustentabilidade".
Matéria e imagem extraídas de: https://www.infomoney.com.br/business/para-schneider-electric-sustentabilidade-da-dinheiro-e-nao-e-abracar-arvore/