ESG: Você sabe o que  significa?

Por Vanessa Soares*

O que é?

Essa sigla já é muito popular no ambiente corporativo das grandes empresas, significa: Environmental (meio ambiente); Social e Governance (Governança Corporativa).

Visa o equilíbrio destas três esferas com objetivo de se alcançar o desenvolvimento sustentável, cujo conceito (já considerado princípio há certo tempo, em normas nacionais e internacionais) foi inicialmente definido como "(…) o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades" (Relatório Brundtland - Nosso Futuro Comum - p. 46).

Surgimento e o capitalismo de stakeholders

Pode se dizer que a sigla ESG surge, originalmente, nas recomendações da ONU em documento elaborado em 2004 (com colaboração do Governo Suíço) sob o título: "Who Cares Wins – Connecting Financial Markets to a Changing World" ("Quem se importa ganha - Conectando mercados financeiros rumo a uma mudança mundial" - tradução livre).

Basicamente, o objetivo do documento, que foi endossado por instituições financeiras mundiais (incluindo o Banco do Brasil), foi o de buscar melhor integração com todos os envolvidos no mercado capital (empresas, fornecedores, consumidores, etc) em relação à sustentabilidade. É o chamado capitalismo de stakeholders.

Significados do "E", do "S" e do "G"

Nesse contexto, o "E" representa as ações ambientais voluntárias que deverão ser adotadas com fins à mitigação dos impactos causados ao meio ambiente em relação à atividade econômica realizada.

Por exemplo, uma indústria de beneficiamento de grãos (soja, milho…), deverá observar e tomar providências relacionadas à sua atividade, observando os resíduos gerados de sua produção; a utilização adequada dos recursos hídricos; a adequabilidade no uso de ´produtos químicos, evitando, em todo tempo, contaminações do solo e subsolo (lençol freático); a avaliação de suas emissões de carbono e adoção de medidas compensatórias; entre inúmeros outros exemplos.

O "S" se relaciona à responsabilidade social da empresa não apenas dentro de si (isto é, em relação aos seus empregados), mas também externamente, frente à comunidade, aos consumidores (destinatários finais de seus produtos), por exemplo.

A título ilustrativo, internamente pode-se citar o cumprimento das melhores práticas relacionadas aos direitos humanos; igualdade salarial entre homens e mulheres que realizam o mesmo ofício; externamente, no caso do exemplo da indústria de beneficiamento de grãos, entender (e sanar) o alcance dos impactos de sua atividade causa na comunidade em seu entorno, por exemplo, sobre a geração dos ruídos, dos particulados (poeira decorrente da moagem dos grãos; os registros de carbono gerados e compensações voluntárias realizadas; ainda, em relação aos seus consumidores, traçando uma linha transparente em atendimento às suas questões evitando informações falaciosas (dentre muitos outros exemplos, aplicáveis a cada tipo de atividade econômica).

Por meio do "G", deve se buscar que as empresas, sistematicamente, estruturem processos que gerem valor sustentável, tanto para a própria organização em si e seus sócios, mas também para a sociedade de um modo geral. Deve se organizar por meio de princípios íntegros, equânimes, transparentes, responsáveis e sustentáveis (não só sob a ótica ambiental, propriamente, mas também sob a viabilidade econômico-financeira econômico e social (se atentando para todos os diversos capitais envolvidos no processo de desenvolvimento de sua atividade - financeiro, humano, intelectual, reputacional etc).

Tais práticas são voluntárias (devem ser muito bem realizadas e registradas por meio de relatórios formais) e vão muito além do cumprimento regular da legislação aplicável e podem ('devem') ser praticadas por empresas de qualquer porte, isso porque, daqui para frente, será uma reação em cadeia, gerando um círculo virtuoso, conectando-se à imagem e à reputação da empresa: por exemplo, a grande empresa, para se beneficiar da imagem de empresa "verde" para o seu consumidor, deverá observar todos os relacionamentos que possui, inclusive, quando compra matéria prima do fornecedor A, deverá se atentar para as suas práticas de ESG (exemplo: não pode adquirir matéria-prima de um fornecedor que pratica trabalho em condições análogas às de escravos, não observa seus níveis de impacto ao meio ambiente etc), este, por sua vez, deverá manter bem relatada toda a sua atuação em relação aos elementos da sigla e assim, sucessivamente.

A sua empresa ou a empresa onde você trabalha já está se adequando a isso? Se quiser saber mais sobre este e outros temas ligados à sustentabilidade, não deixe de acompanhar os conteúdos por aqui, em breve volto com mais assuntos. Até mais!

*Texto atualizado - originalmente publicado em minha pa´gina no Instagram @advogandoemambiental, aproveite para interagir comigo por lá.